Prefeito de Porto Alegre edita decreto que cerceia atuação de movimentos estudantis e parlamentares junto a escolas
WhatsApp Image 2023-03-15 at 09.47.52

Prefeito de Porto Alegre edita decreto que cerceia atuação de movimentos estudantis e parlamentares junto a escolas

Sob justificativa de aumento de segurança, governo Sebastião Melo impõe medida autoritária que condiciona atividades à autorização prévia da Secretaria de Educação

Tatiana Py Dutra 13 abr 2023, 10:49

Vereadores da oposição trabalham para derrubar um decreto do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, que restringe o ingresso “de parlamentares, candidatos, movimentos de juventude ligados a partidos políticos e demais entidades nas dependências das escolas da rede municipal com a finalidade de ministrar aulas ou proferir palestras”. Sob a justificativa de aumentar a segurança nas unidades escolares, frente ao medo de ataques como os ocorridos em Blumenau (SP) e São Paulo – o governo condicionou o acesso à autorização da Secretaria Municipal de Educação (Smed). 

A medida, editada na terça-feira (11), foi repudiada pela oposição no mesmo dia. Os parlamentares. O vereador Roberto Robaina, presidente do PSOL municipal, classificou a atitude como oportunista. 

“No calor das preocupações com a segurança nas escolas, o que faz o prefeito Melo? Restringe a atuação de movimentos estudantis e democráticos nas instituições de ensino. Deveria proibir quem faz apologia a armas ou prega violência contra grupos ou aqueles que acham que bullying é “frescura”. O oportunismo é grotesco e o autoritarismo evidente. Mas se pensa que os métodos do bolsonarismo irão prevalecer em POA, engana-se”, afirmou.

Os vereadores já elaboraram uma minuta de ação para derrubada do decreto, no qual argumentam que a “restrição da presença da juventude de movimentos que discutem política (…) traduz violação ao direito assegurado aos estudantes de terem ferramentas necessárias à reflexão sobre a auto organização”. Em outras palavras, a medida rouba a autonomia das escolas e pode servir como filtro para a não realização de eventos dos quais o governo municipal discorde.

“A secretaria municipal vai ter de autorizar parlamentares para dar palestras [em escolas], quando a lei orgânica municipal permite a participação e a entrada em qualquer órgão público na cidade de Porto Alegre. O que o prefeito Melo está ganhando com isso? Está querendo simplesmente barrar a possibilidade de haver um debate democrático na cidade de Porto Alegre ou quem sabe o prefeito está pensando que a secretaria pode autorizar os vereadores que votam sempre com ele?”, questionou Robaina na tribuna da Câmara, ontem.

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) classificou o de também grêmios e outras organizações estudantis – como “absurdo”, “autoritário”, “ilegal” e “anticonstitucional”.

“É inacreditável. Quando a prefeitura deveria estar apresentando um plano de segurança, de combate a violência nas escolas, para proteger a comunidade, estudantes, estão querendo criminalizar movimentos estudantis e tolher as liberdades democráticas dos movimentos que lutaram muito para poder defender a causa dos estudantes; e restringir os debates de cidadania, que são tão importantes para evitar esse tipo de ataque violento, que infelizmente tem crescido ao longo do último período aqui no Brasil. É lamentável. O decreto é inconstitucional, é ilegal, e óbvio que nós não vamos tolerar esse absurdo”, comentou a deputada.

Cerceamento de espaços públicos

Para a Smed, não há proibição e, sim, “regra para que haja alinhamento das diretrizes pedagógicas e se restrinjam iniciativas ideológicas de qualquer natureza política”. O objetivo é que as escolas sejam ambientes de respeito à pluralidade, à diversidade cultural e à liberdade de ideias”, informou a secretaria, em nota.

Em entrevista ao Matinal Jornalismo, a diretora-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa), Cindi Sandri, afirma que a medida não evitará eventos violentos nas escolas, mas está de acordo com o comportamento da prefeitura de “cerceamento do acesso a espaços públicos”. 

 “A violência não é atual, é antiga. Mas agora tem um caráter diferente, que é a onda de violência por pessoas com as características que a gente conhece, com componentes racistas e fascistas nas suas ações”, completa.


TV Movimento

Palestina livre: A luta dos jovens nos EUA contra o sionismo e o genocídio

A mobilização dos estudantes nos Estados Unidos, com os acampamentos pró-Palestina em dezenas de universidades expôs ao mundo a força da luta contra o sionismo em seu principal apoiador a nível internacional. Para refletir sobre esse movimento, o Espaço Antifascista e a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco realizam uma live na terça-feira, dia 14 de maio, a partir das 19h

Roberto Robaina entrevista Flávio Tavares sobre os 60 anos do golpe de 1º de abril

Entrevista de Roberto Robaina com o jornalista Flávio Tavares, preso e torturado pela ditadura militar brasileira, para a edição mensal da Revista Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 16 maio 2024

Tragédia no RS – Organizar as reivindicações do movimento de solidariedade

Para responder concretamente à crise, é necessário um amplo movimento que organize a luta pelas demandas urgentes do estado
Tragédia no RS – Organizar as reivindicações do movimento de solidariedade
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 49
Nova edição traz o dossiê “Trabalho em um Mundo em Transformação”
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição traz o dossiê “Trabalho em um Mundo em Transformação”