Não calarão as mulheres: PSOL pede cassação de Zucco e Salles
Samia

Não calarão as mulheres: PSOL pede cassação de Zucco e Salles

Misóginos e inconformados com as manifestações de Sâmia Bomfim na CPI do MST, bolsonaristas agridem a parlamentar e tentam silenciar deputadas de esquerda

Tatiana Py Dutra 19 jul 2023, 09:00

Foto: Rebeca Meyer/Ascom Sâmia Bomfim

As atitudes recorrentemente desrespeitosas dos deputados federais Ricardo Salles (PL-SP) e Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS) – respectivamente, relator e presidente da CPI do MST – levaram o PSOL a protocolar representações no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pela cassação de ambos. 

A ação argumenta que os parlamentares quebraram o decoro ao agirem de forma “misógina e machista” em relação à deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) durante a última sessão da CPI, na quarta-feira (12). Zucco – que em pelo menos duas ocasiões anteriores cortou o microfone (e o direito de manifestação) de Sâmia – ordenou que ela ficasse “calada” e disse  que “respeitar os demais deputados”. Ele ameaçou encerrar a sessão se ela não silenciasse. Salles, por sua vez, acusou Sâmia de se “vitimizar” e pediu aos colegas que fizessem uma representação conjunta contra a deputada.

Na mesma sessão, Zucco ainda teria permitido que o deputado General Girão (PL-CE) fizesse declarações “misóginas e absurdas”. Em uma delas, disse que  respeita as mulheres porque elas são “responsáveis pela procriação e harmonia da família”. Ou seja, reduziu o papel da mulher na sociedade à reprodução e à vida doméstica – algo que, em sua avaliação, Sâmia também deveria fazer.  O parlamentar não foi repreendido pela manifestação.

Reações

Em nota ao UOL, Zucco disse que o PSOL  tenta “impor uma narrativa mentirosa de perseguição a parlamentares da sigla”, e reiterou que Sâmia “extrapolou os limites da civilidade e do respeito com seus pares”. Por falar? Já Salles disse que as deputadas do PSOL “agridem” os colegas e depois tentam posar de “vítimas”.

Como já havia dito anteriormente, os desrespeitos contínuos de seus pares na CPI geralmente vêm de bolsonaristas inconformados com questionamentos e temas que “não agradam” advindos de uma mulher.

“O que ele chama de falta de civilidade é, na verdade, o fato de que frustro suas expectativas. Os bolsonaristas achavam que seria um passeio, por serem maioria e terem a presidência e a relatoria. Mas estamos ali para expor os crimes do agronegócio, do bolsonarismo. Quem acompanha a CPI viu que, sempre que trago temas que não lhes agrada, sou interrompida ou tenho meu microfone cortado. Não me importa nenhum adjetivo que eles usem, isso não me impede de ir ao Conselho de ética e tampouco de abandonar minha tarefa na CPI”, disse a deputada.

Violência política de gênero

A CPI do MST tem sido pródiga em arbitrariedades e violência política de gênero. Em uma gigantesca tentativa de intimidação machista, os mesmos parlamentares bolsonaristas que perseguem Sâmia Bomfim, entraram com representações no no Conselho de Ética da Câmara contra seis parlamentares. Além da própria Sâmia, correm o risco de perder o mandato Célia Xakriabá (PSOL-MG), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Juliana Cardoso (PT-SP).

Os bolsonaristas se ofenderam com as manifestações de protesto das parlamentares durante audiência que discutia a aprovação do Marco Temporal para demarcações de terras indígenas, anulando homologações posteriores à promulgação da Constituição de 1988. Um requerimento foi encaminhado ao Conselho de Ética e prontamente acatado pelo presidente Arthur Lira (PP-AL),


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