Palestina em greve geral contra bombardeamento

Paralisação abrange Gaza, Cisjordânia e se estende a Jerusalém e a várias localidades israelitas. Em comunicado, a Fatah apela a sanções contra o apartheid de Israel. Sobre um eventual cessar-fogo, o exército israelita diz que agora está “concentrado em disparar”.

Esquerda.net 19 maio 2021, 16:23

Esta terça-feira as lojas não abriram nos territórios ocupados da Palestina. A greve geral está a ser cumprida na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e nos bairros árabes de algumas localidades em Israel. Em Ramallah, a repórter da Al-Jazeera Nida Ibrahim diz que “é a primeira vez em décadas que vemos os palestinianos de todas as fações políticas a participarem numa greve geral”. Para o diretor do Instituto Palestiniano de Diplomacia, Salem Barahmeh, “é importante erguermo-nos unidos e ultrapassamos a fragmentação imposta por Israel aos pelestinianos” com o objetivo de expor aquele país “como o regime de apartheid que é”.

Mas o dia começou também com mais bombardeamentos aéreos contra edifícios em Gaza. O balanço provisório desde o início dos ataques é de 212 palestinianos mortos, incluindo 61 crianças, e mais de 1.500 feridos. Do lado israelita contam-se dez mortos, incluindo duas crianças e mais de 300 feridos.

A ONU revelou esta terça-feira que os ataques israelitas já provocaram mais de 58 mil deslocados, pessoas que viram a sua habitação destruída pelas bombas que atingiram cerca de 450 edifícios, incluindo seis hospitais e nove centros médicos de atendimento. 47 mil destes novos sem-abrigo encontraram refúgio nas 58 escolas geridas pela ONU em Gaza. Além dos bombardeamentos, os hospitais de Gaza sofrem também com os cortes de eletricidade e água, com o ministro da Saúde a apelar à doação de sangue e a denunciar a falta de medicamentos e material médico. Um dos alvos da aviação israelita foi o edifício onde funcionava a primeira impressora 3D construída de raiz em Gaza a partir de um projeto open source, já que o bloqueio israelita impede a importação destes materiais. Durante anos, esta impressora Tashkeel3D fabricou estetoscópios, torniquetes e outro material médico para os hospitais locais.

Na Cisjordânia, a Fatah, que detém o comando da Auoridade Nacional Palestiniana, emitiu na segunda-feira um apelo à mobilização internacional para “um movimento anti-apartheid com o objetivo de pôr fim ao apartheid israelita e à ocupação da Palestina”.

“Apelamos a sanções imediatas para o apartheid israelita, tal como foram aplicadas contra o apartheid sul-africano no âmbito da Convenção de 1973 para a supressão e punição do crime de Apartheid”, diz o comunicado que defende o fim de todo o tipo de comércio, a começar pelo das armas, e o corte de relações diplomáticas com o apartheid israelita.

“Cessar-fogo? Estamos concentrados em disparar!”, diz porta-voz do exército israelita

No plano internacional, o presidente russo Vladimir Putin voltou a apelar ao fim da violência, defendendo que qualquer solução se deve basear nas resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Por seu lado, o presidente norte-americano Joe Biden voltou a telefonar a Netanyahu mas não exigiu o fim da violência, limitando-se a exprimir apoio a um cessar-fogo e ao direito de Israel a defender-se dos rockets lançados a partir de Gaza.

Mas o cessar-fogo não parece estar para breve, a crer na declaração feita à rádio do exército pelo porta-voz dos militares israelitas, citado pela Reuters. “As Forças de Defesa de Israel não estão a falar de cessar-fogo. Estamos concentrados em disparar”, disse o general-brigadeiro Hidai Zilberman, referindo-se à lista de alvos em Gaza que pretende destruir nas próximas 24 horas.

Ao mesmo tempo, a Amnistia Internacional condenou a intenção de Washington de vender armas a Israel, num negócio avaliado em 735 milhões de dólares. “Ao fornecer armas que podem ser usadas para cometer crimes de guerra, o governo dos EUA assume o risco de alimentar mais ataques contra civis e ver mais gente morrer ou ficar ferida por armas norte-americanas”, afirmou à Al-Jazeera Phillipe Nassif, o responsável da ONG nos EUA pela região do Médio Oriente e Norte de África.


Publicado originalmente pelo portal Esquerda.net.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 19 nov 2024

Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas

As recentes revelações e prisões de bolsonaristas exigem uma reação unificada imediata contra o golpismo
Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi