‘Uma questão de honra do Estado brasileiro’
marielle-franco-ninja-768x512

‘Uma questão de honra do Estado brasileiro’

Novo titular do Ministério da Justiça, Flávio Dino promete federalizar investigação e solucionar os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes

Tatiana Py Dutra 3 jan 2023, 10:41

Durante seu discurso de posse, nesta segunda-feira (2), o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que desvendar mandantes e motivações do assassinato da vereadora Marielle Franco é “uma questão de honra do Estado brasileiro”. A parlamentar do PSOL foi morta a tiros de fuzil, em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro. Ela tinha 38 anos. 

Dino revelou que o compromisso, agora público, foi pactuado com a também ministra e irmã de Marielle, Anielle Franco (Igualdade Racial) e sua mãe, Marinette:

“Eu disse à ministra Anielle e a sua mãe que é uma questão de honra do Estado brasileiro empreender todos os esforços possíveis e cabíveis, e a Polícia Federal assim atuará, para que esse crime seja desvendado definitivamente e nós saibamos quem matou Marielle e quem mandou matar Marielle Franco naquele dia no Rio de Janeiro”.

A federalização das investigações dependerá ainda de um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em fase de articulação. O novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, já está imbuído da missão.

Ao jornal Folha de S.Paulo, Anielle disse ser a favor de federalizar o caso – algo que ela e a família foram contrários durante o governo Bolsonaro. O temor era de que uma PF em processo de aparelhamento dificultasse ainda mais a investigação, que indicava o envolvimento no crime de pessoas próximas ao então presidente.

Um crime sem respostas

Na noite de 14 de março de 2018, Marielle Franco foi à Casa das Pretas, no Centro do Rio, para participar de um debate com a juventude negra. Ela deixou o local cerca de duas horas depois, em companhia de uma assessora. O motorista Anderson Gomes as conduziria para casa, porém, o carro começou a ser seguido. Após meia hora, um veículo emparelha com o carro de Marielle e faz 13 disparos. A vereadora e o motorista morreram no local. A assessora teve ferimentos leves. Os bandidos fugiram.

Apesar da presença de câmeras de segurança ajudarem a elucidar a dinâmica do crime, a investigação foi conturbada. Diferentes de promotores ficaram à frente do caso no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Na Polícia Civil, o quinto delegado assumiu o caso em fevereiro de 2022. Ainda assim, a força-tarefa que apurou os assassinatos levou à prisão dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, indiciados como autores do crime. Até hoje, não se avançou na busca pelos mandantes e suas motivações.

Ligações com os Bolsonaro

MP e a Polícia Civil divergem sobre uma possível motivação política para o crime. Enquanto a polícia investiga um duplo homicídio, os procuradores creem que a atuação da quinta vereadora mais votada da capital fluminense em 2016 teria desagradado nomes “graúdos”, como Cristiano Girão e Domingos Brazão.

Girão é ex-vereador, ex-chefe da milícia da Gardênia Azul e está preso. Ele foi acusado de ser o mandante de outro homicídio, que também teria a participação de Ronnie Lessa. Já Brazão é conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado. Em 2019, a Procuradoria Geral da República apresentou denúncia contra ele, que foi acusado de obstruir as investigações do Caso Marielle. 

Acusado pelo crime, Ronnie Lessa morava na casa 65/66 do Condomínio Vivendas da Barra, vizinho à residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, proprietário da casa 58, e do vereador Carlos Bolsonaro, morador da casa 36. Essa pode não ser a única ligação entre eles. Em outubro de 2019, o Jornal Nacional, da Rede Globo, exibiu reportagem sobre o depoimento do porteiro do condomínio à polícia. Ele conta que, no dia da execução de Marielle, Élcio de Queiroz entrou no Vivendas da Barra dizendo que iria à casa do então deputado Jair Bolsonaro. Porém, Lessa é quem teria autorizado sua entrada.

Quase um ano depois, o STJ mandou o processo para o Tribunal de Justiça do Rio, onde está sob sigilo. E já são quase cinco anos sem respostas.


TV Movimento

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.

Desenvolvimento Econômico e Preservação Ambiental: uma luta antineoliberal e anticapitalista

Assista à Aula 02 do curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe nosso site para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 17 set 2024

O Brasil está queimando

As queimadas e poluição do ar em todo país demonstram a insuficiência das medidas governamentais e exigem mobilização popular pela emergência climática
O Brasil está queimando
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 53
Nova edição da Revista Movimento debate Teoria Marxista: O diverso em unidade
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate Teoria Marxista: O diverso em unidade