Comitê celebra oferta de ajuda brasileira aos apátridas da Nicarágua
277575172_344895994331096_2086777520215260392_n

Comitê celebra oferta de ajuda brasileira aos apátridas da Nicarágua

Comitê de Solidariedade com o Povo da Nicarágua manifestou-se em carta aberta ao presidente Lula, e cobrou firmeza do país frente à ditadura Ortega-Murillo

Redação da Revista Movimento 8 mar 2023, 10:30

Foi com satisfação que o Comitê de Solidariedade com o Povo da Nicarágua – coletivo de apoio ao resgate da democracia naquele país – recebeu a notícia de que o Brasil está disposto a acolher ex-presos políticos expulsos e privados de sua nacionalidade pela ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo. A intenção foi anunciada pelo embaixador do Brasil na ONU, Tovar da Silva Nunes, na reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU na última sexta-feira (3/03). 

Ontem, terça-feira, o comitê divulgou Carta Aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao chanceler Mauro Vieira, no qual saúda a decisão “e a proposta de um diálogo ‘construtivo’ com o governo da Nicarágua e ‘todos os atores relevantes’ que o país estaria pronto a apoiar e estimular. 

Porém, a missiva faz relembrar ao governo brasileiro que o “diálogo” com Ortega só seria possível com o fim da repressão, com a libertação dos 35 presos políticos que permanecem encarcerados no país, com a revogação das 317 cassações das nacionalidades e com justiça e reparação para os 351 assassinatos durante a revolta popular de abril de 2018.

Confira a íntegra da mensagem:

Carta aberta ao governo brasileiro

O Comitê de Solidariedade com o Povo da Nicarágua vem, por este meio, saudar o gesto solidário do governo brasileiro em acolher os nicaraguenses afetados pela medida do Presidente Daniel Ortega, que anula arbitrariamente a nacionalidade de 317 nicaraguenses, entre opositores, ativistas, ex-guerrilheiros da Revolução Popular Sandinista, jornalistas e estudantes.

Acreditamos que o posicionamento apresentado pelo Embaixador do Brasil na ONU, Tovar da Silva Nunes, durante a Sessão do Conselho de Direitos Humanos em Genebra, representa elementos de um governo com vocação democrática e preocupado com a estabilidade regional. O posicionamento da delegação brasileira responde, também, às expectativas de setores democráticos nicaraguenses que há semanas pediam um posicionamento brasileiro perante a crise.

Nós também reconhecemos o chamado do Brasil a um diálogo “de forma construtiva com o governo da Nicarágua e todos os atores relevantes”, pois somos convencidos de que a sociedade nicaraguense merece uma saída institucional, capaz de garantir um futuro democrático, com reparação e justiça.

Mas precisamos lembrar que as condições atuais, muitas delas causadas pelas medidas autoritárias de Ortega, não conduzem a um diálogo amplo. Não pode existir um diálogo com “todos os atores relevantes” enquanto permanecem 35 presos políticos, 317 pessoas apátridas – e as quais Ortega nem reconhece como interlocutores – perseguição aos ativistas, fechamento de mídia alternativa e sem condições para a justiça e reparação pelo assassinato de 351 pessoas, via repressão policial e execução extrajudiciais.

Devemos ainda frisar que o Brasil merece exigir justiça pelo assassinato da médica pernambucana Raynéia Gabrielle Lima, de 31 anos. Seu assassino confesso não apenas foi anistiado através de uma medida controversa, como permanece ativo na folha de pagamento do governo nicaraguense. Este caso impele diretamente ao Brasil para exigir a devida investigação e reativação do julgamento, tomando em consideração a voz da família vitimizada.

Como nicaraguenses residentes no Brasil, e brasileiros solidários com o povo da Nicarágua, somos parte interessada no curso da situação e nos colocamos a disposição para fazer uma interlocução com o seu governo e com a sociedade brasileira em geral, em contribuir com saídas democráticas e pacíficas à crise atual.

Atenciosamente,

Comitê Brasileiro de Solidariedade com o Povo da Nicarágua


TV Movimento

Palestina livre: A luta dos jovens nos EUA contra o sionismo e o genocídio

A mobilização dos estudantes nos Estados Unidos, com os acampamentos pró-Palestina em dezenas de universidades expôs ao mundo a força da luta contra o sionismo em seu principal apoiador a nível internacional. Para refletir sobre esse movimento, o Espaço Antifascista e a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco realizam uma live na terça-feira, dia 14 de maio, a partir das 19h

Roberto Robaina entrevista Flávio Tavares sobre os 60 anos do golpe de 1º de abril

Entrevista de Roberto Robaina com o jornalista Flávio Tavares, preso e torturado pela ditadura militar brasileira, para a edição mensal da Revista Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 16 maio 2024

Tragédia no RS – Organizar as reivindicações do movimento de solidariedade

Para responder concretamente à crise, é necessário um amplo movimento que organize a luta pelas demandas urgentes do estado
Tragédia no RS – Organizar as reivindicações do movimento de solidariedade
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 49
Nova edição traz o dossiê “Trabalho em um Mundo em Transformação”
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição traz o dossiê “Trabalho em um Mundo em Transformação”