Parlamentares do PSOL entram com representação contra o festival Lollapalooza
49e3cd3d065955b72d57be5307dd875f

Parlamentares do PSOL entram com representação contra o festival Lollapalooza

Fiscalização revelou dois casos de situação análogo à escravidão em menos de quatro dias

Tatiana Py Dutra 27 mar 2023, 18:40

Foto: Reprodução

Uma nova fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego, ao festival Lollapalooza revelou novas violações aos direitos trabalhistas dos funcionários dos bares do festival.

“Batida” realizada na sexta-feira (24),  primeiro dia de atrações, revelou uma série de infrações cometidas pela empresa terceirizada Team Eventos, como jornadas de 12 horas sem remuneração por hora extra e sem o descanso previsto em lei. Além disso, o  valor do exame médico admissional era descontado do pagamento dos trabalhadores (R$ 180 a diária), que também não recebiam vale transporte.

A Team Eventos foi contratada pela organização do Lollapalooza para substituir a Yellow Stripe, após ação anterior da Superintendência revelar que cinco trabalhadores eram mantidos em condições análogas à escravidão.

“São violações graves. A empresa já foi notificada, exigimos que a situação seja regularizada imediatamente”, afirmou o auditor fiscal do Trabalho,  Rafael Brisque Neiva, acrescentando que Team Eventos terá que comprovar que se adequou à legislação e que realizou os pagamentos dos direitos devidos aos trabalhadores.

A Time for Fun (T4F), dona do Lollapalooza no Brasil, disse que solicitou “imediata regularização” dos direitos trabalhistas e “o encaminhamento das comprovações” por parte da terceirizada. No entanto, Neiva avalia que a empresa “continua omissa, deixando de fiscalizar e verificar o cumprimento da legislação trabalhista pela nova empresa contratada, uma falha no seu processo de devida diligência”.

Ação parlamentar

Na terça-feira (21) uma fiscalização resgatou cinco trabalhadores em condições análogas à escravidão no autódromo de Interlagos, onde ocorre o festival. Eles trabalhavam como carregadores de bebidas em jornadas de 12 horas diárias. Os resgatados contaram à fiscalização que eram obrigados a dormir no local, sobre pedaços de papelão e paletes, para vigiar a carga.

Em função disso, a deputada federal Sâmia Bomfim, a deputada estadual Mônica Seixas e a vereadora Luana Alves, todas do PSOL de São Paulo, protocolaram uma medida cautelar pedindo o veto a novas edições do festival. O documento – enviado ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao secretário da Fazenda e Planejamento, Samuel Kinoshita – pede aplicação da Lei Paulista de Combate à Escravidão (14.946/2013). 

A legislação prevê que empresas que façam uso de trabalho escravo tenham o registro do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) suspenso por dez anos. A norma também impede que os sócios do empreendimento atuem no mesmo ramo ou abra  empresa no setor em São Paulo. 

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) protocolou ofício na Câmara dos Deputados pedindo esclarecimentos acerca das condições dos trabalhadores terceirizados do Lollapalooza. No ofício, ela sugere pede que a Bolsa de Valores (B3) e a Comissão de Valores Mobiliários pressionem a Justiça por uma punição justa às empresas. 

Fator terceirização

“O Lollapalooza, que inicia nesta sexta e vai até domingo, é um dos maiores festivais de música do país e movimenta rios de dinheiro. Este ano os ingressos variam de R$ 1.300 para um dia até R$ 5.300 nas opções VIP.  Quem está lucrando em cima do trabalho análogo à escravidão?”, questiona a presidente do PSOL-RS, deputada estadual Luciana Genro em suas redes sociais. 

Na última quarta-feira (22/03), Luciana presidiu audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul sobre casos de trabalho análogo à escravidão rebelados no Estado.

Na ocasião, a parlamentar destacou a autorização do STF para a terceirização de atividades fim estimula a precarização do trabalho e a violação de direitos do trabalhador. Dados apresentados na audiência pública revelaram que 90% dos resgatados haviam sido contratados por empresas terceirizadas. Luciana também lembrou que o Ministério do Trabalho e Emprego não tem profissionais suficientes para a fiscalização. 

“E mesmo assim tantos casos estão aparecendo. Isso demonstra que realmente é um problema muito disseminado”, afirmou.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 19 nov 2024

Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas

As recentes revelações e prisões de bolsonaristas exigem uma reação unificada imediata contra o golpismo
Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi