Bolsonaro encara a PF mais uma vez
Tempus Veritatis

Bolsonaro encara a PF mais uma vez

Ex-presidente e aliados foram convocados a explicar tentativa de golpe de Estado

Tatiana Py Dutra 22 fev 2024, 10:46

Foto: Tempus Veritatis/Fotos Públicas

Está previsto para a tarde desta quinta-feira (22), um novo depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de ex-membros de seu governo investigados pela tentativa frustrada de golpe de Estado Os convocados serão ouvidos simultaneamente pela Polícia Federal (PF), em Brasília e e outros estados, para evitar que haja combinação de versões. As oitivas fazem parte da operação Tempus Veritatis, iniciada há duas semanas. 

Segundo as investigações, Bolsonaro e seus aliados teriam se articulado para permanecer no poder e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma parte das investigações se concentra em uma reunião ministerial ocorrida em 5 de julho de 2022, na qual Bolsonaro instruiu seus ministros a não aguardarem o resultado das eleições para agir. 

Os advogados do ex-presidente negam essa intenção, apesar de todas as evidências. Comprova também essa tese o fato de que Bolsonaro ficará calado no depoimento, exercendo o direito de não produzir provas contra si. Ora, quem não deve, não teme.

O processo

Nos últimos dias, a defesa solicitou acesso aos documentos da investigação em duas ocasiões. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o acesso aos mandados da operação, mas não concedeu permissão para acesso às mídias digitais, como telefones e computadores, nem à delação do ex-assessor de Bolsonaro, Mauro Cid.

Diante disso, a defesa informou que o ex-presidente se recusaria a depor e solicitou o adiamento do depoimento, o que foi negado por Moraes. Na quarta-feira, a defesa requereu novamente acesso ao conteúdo das mídias, alegando a necessidade de “garantir a paridade de armas no procedimento investigativo”.

Entre as evidências que embasam a investigação está a gravação de uma reunião entre Bolsonaro, ministros e militares em julho de 2022, quando ele ainda ocupava a presidência. Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro teria ordenado que seus ministros divulgassem desinformação sobre a integridade do sistema de votação, utilizando a estrutura do Estado para fins ilícitos.

Durante a reunião, gravada, o então ministro chefe do GSI, general Augusto Heleno, mencionou ter discutido com o diretor-adjunto da Abin sobre a infiltração de agentes nas campanhas eleitorais, mas alertou sobre o risco de identificação desses agentes.

Nesse momento, Bolsonaro interrompeu o ministro, possivelmente percebendo o risco de revelar ações da Abin, e ordenou que a discussão prosseguisse em particular. O então ministro do GSI enfatizou a necessidade de agir contra certas instituições e indivíduos, sugerindo que uma mudança drástica deveria ocorrer antes das eleições. Em outra parte da reunião, Bolsonaro mencionou a necessidade de colocar em prática um “plano B” imediatamente, antes do término das eleições.

Quem vai depor:

Jair Bolsonaro (ex-presidente)

Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)

Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)

Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército)

Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência)

Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro)

Almir Garnier (ex-comandante geral da Marinha)

Valdemar Costa Neto (presidente do PL)

Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)

Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército)

Walter Souza Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro)

Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército)

Bernardo Ferreira de Araújo Júnior.

Ronald Ferreira de Araújo Júnior (oficial do Exército)

Depõem em outros Estados:

Rio de Janeiro: Hélio Ferreira Lima, ⁠Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, ⁠Ailton Gonçalves Moraes de Barros e ⁠Rafael Martins Oliveira;

São Paulo: Amauri Feres Saad e ⁠José Eduardo de Oliveira;

Paraná: Filipe Garcia Martins;

Minas Gerais: Éder Balbino;

Mato Grosso do Sul: Laércio Virgílio;

Espírito Santo: Ângelo Martins Denicoli;

Ceará: Estevam Theophilo (esse depoimento é o único marcado para sexta-feira).


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