Negros foram vítimas de 73% dos homicídios no Brasil
Violência

Negros foram vítimas de 73% dos homicídios no Brasil

Relatório do Atlas da Violência indica que jovens entre 15 e 29 anos foram maioria dos óbitos nos últimos 11 anos

Redação da Revista Movimento 22 jun 2024, 11:00

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

De 2012 a 2022, o Brasil registrou uma média de 111 pessoas negras assassinadas por dia. Esse número é 2,7 vezes superior ao de vítimas não negras, de acordo com o mais recente Atlas da Violência, divulgado na terça-feira (18).

Durante esse período, foram registrados 609.697 homicídios, segundo o documento produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Desses homicídios, 445.442 envolveram pessoas pretas ou pardas, representando 73% do total contabilizado no país.

Em 2022, Alagoas foi o estado com o maior risco relativo de uma pessoa negra ser vítima de violência letal, com uma probabilidade 23,7 vezes maior em comparação com pessoas de outros grupos étnicos.

Mais da metade das vítimas de homicídios no Brasil entre 2012 e 2022 tinha entre 15 e 29 anos. Nesse período, 321.466 jovens nessa faixa etária perderam a vida de forma violenta, resultando em uma média de 80 mortes por dia.

Isso representa uma perda de 15.220.914 anos potenciais de vida de crianças e jovens devido à violência.

As taxas de homicídios de jovens diminuíram entre 2017 e 2021, mas essa queda foi mais acentuada entre jovens brancos do que entre jovens negros, ampliando a desigualdade na vulnerabilidade à violência letal, conforme destaca o relatório.

Em relação à violência contra crianças e adolescentes, o Atlas indica que meninas de 10 a 14 anos são as maiores vítimas de violência sexual no Brasil, sofrendo proporcionalmente mais ataques sexuais do que mulheres adultas.

Subnotificação

Em 2022, 49,6% das meninas nessa faixa etária atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devido a casos de violência foram vítimas de abuso sexual. Essa categoria inclui situações em que alguém usa sua posição de poder e força ou influência psicológica para coagir uma interação sexual, incluindo estupro.

“Se tivéssemos que descrever o que é ser uma mulher no Brasil, poderíamos dizer que na primeira infância é a negligência a forma mais frequente de violência, cujos principais autores são pais e mães, na mesma proporção. A partir dos 10 até os 14 anos, essas meninas são vitimadas principalmente por formas de violência sexual, com homens que ocupam as funções de pai e padrasto como principais algozes. Dos 15 até os 69 anos, é a violência física provocada por pais, padrastos, namorados ou maridos a forma de violência prevalente entre as mulheres”, explicam os autores do documento.

Segundo o Atlas, os homicídios no Brasil são subnotificados. Entre 2012 e 2022, 131.562 mortes violentas foram registradas sem que a causa básica do óbito fosse identificada pelo Estado, seja ela acidente, suicídio ou homicídio.

O relatório estima que, neste período de 11 anos, ocorreram 51.726 assassinatos não contabilizados, o que elevaria o total de homicídios para 661.423.

“Para que se possa entender a magnitude do problema, o número de homicídios ocultos entre 2012 e 2022 foi maior do que todos os homicídios ocorridos no último ano analisado”, diz o documento.

*Com informações da Agência Brasil


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