Embaixador da Frente Polisário busca apoio no RS: ‘É hora do Brasil reconhecer a República Saaraui’
Saaraui

Embaixador da Frente Polisário busca apoio no RS: ‘É hora do Brasil reconhecer a República Saaraui’

Em visita ao parlamento gaúcho, representante do povo saaraui reforça apelo contra o colonialismo marroquino e convida brasileiros à solidariedade ativa

Tatiana Py Dutra 10 abr 2025, 07:00

Fotos: Reprodução

A luta do povo saaraui ecoou forte esta semana na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O embaixador da Frente Polisário no Brasil, Ahmed Mulay, esteve em Porto Alegre para estreitar laços e buscar apoio do parlamento gaúcho na defesa do reconhecimento oficial da República Árabe Saaraui Democrática (Rasd) pelo governo brasileiro.

Desde 1976, a Rasd resiste à ocupação ilegal do Marrocos no território do Saara Ocidental, área rica em recursos naturais e estrategicamente localizada na costa atlântica do Norte da África. A Frente Polisário, movimento de libertação nacional do povo saaraui, mantém firme sua luta anti-imperialista contra o que considera um flagrante colonialismo moderno.

Uma ferida colonial aberta

A história do Saara Ocidental é uma das mais explícitas heranças do colonialismo europeu e da cobiça por recursos naturais. Um anos após a retirada da Espanha, em 1975, a Frente Polisário proclamou a independência da República Saaraui. No entanto, o vácuo deixado pela potência colonial foi imediatamente ocupado por Marrocos, que invadiu e anexou boa parte do território, desafiando o direito internacional.

Hoje, a Frente Polisário controla entre 20% e 25% do território que reivindica, enquanto o restante permanece sob domínio do Marrocos. No terreno, o povo saaraui enfrenta uma brutal repressão política e militar, marcada por prisões arbitrárias, desaparecimentos forçados e tortura, como denunciam organizações internacionais de direitos humanos.

Além disso, a denúncia da presença do chamado “Muro da Vergonha”, que divide o Saara Ocidental e está cercado por milhões de minas terrestres, expõe a dimensão trágica da ocupação. Este muro, um dos maiores do mundo, não apenas isola famílias e comunidades, mas também mata e mutila civis saaraui diariamente.

Exploração econômica e pilhagem de recursos

Marrocos, com apoio de potências ocidentais e empresas transnacionais, promove ainda a exploração ilegal das riquezas naturais do Saara Ocidental. Fosfatos, pesca, energia solar e eólica são explorados sem qualquer benefício para o povo saaraui, configurando uma pilhagem que prolonga a dependência e bloqueia o desenvolvimento autônomo da região.

Solidariedade internacional em ação

A causa saaraui conta hoje com o reconhecimento de mais de 80 países, principalmente na África, América Latina e Ásia. Desde 1984, a Rasd é membro pleno da União Africana, enquanto Marrocos — após anos de isolamento — só voltou à organização em 2017, mesmo sem o reconhecimento pleno de sua ocupação.

No entanto, a ONU ainda considera o Saara Ocidental um dos últimos “territórios não autônomos” do mundo, e a realização de um referendo de autodeterminação, prometido desde os anos 1990, segue bloqueada por manobras políticas do governo marroquino e seus aliados.

Durante sua passagem pelo Rio Grande do Sul, Ahmed Mulay reforçou que o reconhecimento da Rasd pelo Brasil seria um passo estratégico na luta contra o colonialismo e pela construção de uma paz justa. A Frente Polisário espera que o governo do presidente Lula siga seu histórico de apoio às causas dos povos oprimidos — como fez ao reconhecer o Estado da Palestina — e amplie seu compromisso com a autodeterminação dos povos.

Caravana solidária em novembro

Como parte da ofensiva diplomática e da construção de laços de solidariedade, a Frente Polisário no Brasil já prepara para novembro a 3ª Caravana ao Povo Saaraui. A iniciativa levará ativistas, parlamentares e defensores dos direitos humanos para conhecer de perto a realidade dos campos de refugiados saaraui e dos territórios liberados.

A programação inclui visitas a escolas, hospitais e encontros com organizações de direitos humanos, fortalecendo as conexões internacionais e ampliando as vozes que denunciam as violações contra o povo saaraui.

“Contamos com a solidariedade ativa dos povos livres do mundo para pôr fim à ocupação e conquistar a liberdade que nos é devida”, declarou Mulay, reafirmando que a resistência saaraui é, também, uma luta universal contra o neocolonialismo e a opressão.


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Camila Souza