O debate necessário na eleição presidencial

Luciana Genro aponta o combate aos interesses da especulação financeira, ao rentismo e à remuneração dos donos de títulos da dívida como o debate prioritário da eleição de 2018.

Luciana Genro 19 jun 2018, 18:42

Uma matéria publicada na última sexta-feira no jornal Valor Econômico dá a pista das exigências brutais que os credores da dívida pública estão fazendo para o Brasil e que a maioria dos candidatos a presidente do Brasil pretende atender, mas não vai contar na campanha eleitoral.

O economista Alberto Ramos, diretor de pesquisa para a América Latina do Goldman Sachs e um dos mais altos representantes dos interesses dos credores, afirma que o Brasil precisa fazer um resultado primário de superávit de 3% a 3,5% do PIB, sendo que hoje o Brasil está em déficit de 2%: “Nós estamos falando de um ajuste fiscal de pelo menos cinco pontos percentuais do PIB”.

Simplificando, Ramos alerta para a preocupação de que o Brasil não está mais conseguindo economizar dinheiro dos nossos impostos para pagar os credores. Desde o governo FHC até 2013, o Brasil produziu superávits, isto é, deixava de gastar com saúde, educação, segurança e usava boa parte dos impostos para pagar juros da dívida pública, e diga-se de passagem, pagando uma das taxas de juros mais altas do mundo. Os especuladores até pegam dinheiro emprestado nos Estados Unidos, que chegaram a emprestar a juro zero, e compram títulos da nossa dívida remunerados com altos juros. Um baita negócio.

Desde 2013, já não temos mais superávit, e os juros da dívida tem sido pagos com mais endividamento. Isso deixa os credores nervosos, pois obviamente é uma situação insustentável no longo prazo. O risco de quebrar é grande.

O economista da Goldman dá a receita para resolver a situação: cortar gastos ou aumentar impostos. Eles querem um ajuste nas costas do povo.

Querem cortar da segurança pública que está caótica. Cortar da educação que está sucateada. Cortar da assistência social que está desmontada. Cortar da saúde que está quebrada. Da previdência que paga uma miséria aos aposentados. Cortar dos servidores públicos que estão arrochados. Querem aumentar os impostos do trabalhador e da classe média que já estão com a corda no pescoço.

Nós queremos o oposto.

Queremos cortar dos próprios juros da dívida que estão entre os mais altos do mundo. Cortar da corrupção que rouba até 2,3% do PIB. Cortar dos privilégios do 1% mais ricos, começando por aquelas seis famílias mais ricas do Brasil (que certamente enriqueceram ganhando com os juros da dívida) e que detém a mesma riqueza que os 100 milhões mais pobres. Queremos aumentar os impostos destes milionários, dos bancos, das grandes multinacionais, dos grandes exportadores. Que paguem com seus lucros exorbitantes pela crise, já que foram os que realmente ganharam antes dela.

Este é o debate que deve ser feito na eleição presidencial.


Originalmente publicado no portal Sul 21.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 21 dez 2024

Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro

A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi