Defender a educação por um novo futuro

A segunda quinzena de maio será um momento decisivo de uma longa luta no Brasil contra o autoritarismo e ultraliberalismo do governo Bolsonaro.

Fernanda Melchionna 13 maio 2019, 09:29

A segunda quinzena de maio será um momento decisivo de uma longa luta no Brasil contra o autoritarismo e ultraliberalismo do governo Bolsonaro. O recente anúncio de 30% corte de verba de custeio do conjunto das Universidades Públicas e Institutos Federais, além da retirada de bolsas de doutorado e mestrado acenderam um sinal de alerta.

Já com o orçamento estrangulado desde a implementação da EC 95, as instituições de ensino correm risco de fechar em setembro diante da impossibilidade de arcar com responsabilidades básicas como água, luz e quitações dos salários dos servidores terceirizados das áreas de limpeza e segurança.

Na verdade, além de uma agenda ultraliberal de desmantelamento das áreas sociais e da educação, de rebaixamento de salários e de direitos e da possibilidade de desmonte da Previdência Social com a PEC 006, trata-se também de mais batalha ideológica para o governo Bolsonaro.

Desde o início do governo, o MEC esteve nas mãos de discípulos de Olavo de Carvalho, que tem como eixo o ataque aos que os próprios chamam de “marxismo cultural”.

Se Vélez Rodrigues aliava sua luta ideológica com uma inabilidade sem tamanho que acabou custando seu cargo de ministro, Weintraub mantém a mesma ideologia e acelera os ataques econômicos e de narrativa contra a educação brasileira. Ao anunciar os cortes de 30% para UNB, UFBA e UFF, o primeiro argumento era a “balbúrdia”. Como o anúncio pegou muito mal, além de ser claramente ilegal, o MEC estendeu os cortes ao conjunto das Universidades e Institutos Federais. O novo argumento seria o de prioridade a educação básica.

Entretanto, na mesma semana novo anúncio “contingenciamento de recursos também da educação básica”. O último ataque foi às bolsas de mestrado e doutorado. Um verdadeiro malabarismo para explicar o inexplicável.

Um episódio simbólico foi o uso de chocolates para explicar a lógica do ministro, que acabou virando piada. Agora, a tática é tentar adequar a matemática à fala desastrosa de Weintraub. A disputa de narrativa também tem se dado nas redes sociais, onde a máxima das fakenews de bolsonaristas fervorosos eram associar a Universidade a pelados e coisas do tipo. Também não colou! Estudo do pesquisador Fabio Malini, mostrou uma ampla movimentação do twitter favorável às universidades, com quase 90% das interações, e apenas 8,3% de engajamento com as narrativas bolsonaristas.

Está claro que há um apoio social importante nesta luta. Nosso desafio é construir uma ampla unidade de ação entre todos os segmentos da comunidade acadêmica e social. O movimento estudantil já deu sinais na semana passada de que a greve nacional da educação pode e deve ser muito forte em 15 de maio. A passeata do Pedro II no Rio de Janeiro, a maior manifestação da UFF desde o Fora Collor, a mobilização da UFBA na Bahia, a recepção com vaias a Bolsonaro em Curitiba, as centenas de assembleias gerais são sinais de que os estudantes estão se preparando. O 15 de maio será um ponto importante na curva não só pela defesa da educação, mas para mostrar ao país os riscos da agenda ultraliberal como a Reforma da Previdência.

Uma batalha importante em uma guerra de longo curso. Mas vencê-la pode ser a chave para alterar a correlação de forças e acelerar o fim da experiência do povo com Bolsonaro. Agora é hora de agitar em todos os locais de ensino, unir estudantes, técnicos, professores, reitores, ex-alunos, cientistas, pais, comunidade em geral. Abraçar as nossas universidades e institutos federais. Defender com unhas e dentes nossos patrimônios. Levantar livros contra a tirania e a irracionalidade. Esta luta também é a defesa do conhecimento contra o obscurantismo, afinal, qualquer projeto autoritário para assentar-se precisa tentar liquidar o pensamento crítico! Mal sabem eles a força que tem o movimento estudantil quando se levanta.

Dia 15 de maio é dia de estar nas ruas apoiando as ações estudantis. Desses jovens que são o presente, pode surgir um novo futuro mais rápido do que se imagina.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 21 dez 2024

Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro

A luta pela prisão de Bolsonaro está na ordem do dia em um movimento que pode se ampliar
Braga Netto na prisão. Está chegando a hora de Bolsonaro
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi