EUA-IRÃ: Trump, o belicista, um perigo para todo o planeta

O presidente estadunidense trabalha na lógica da escalada de tensões a nível global.

Yvan Lematre 30 jul 2019, 19:15

No dia 13 de junho, o ataque a dois petroleiros, noruegueses e japoneses, perto do Estreito de Ormuz, pelo qual passa um quinto da produção mundial de petróleo, serviu de pretexto para que os Estados Unidos relancem sua ofensiva contra o Irã, que estava em curso desde sua retirada do acordo internacional sobre energia nuclear iraniana em maio de 2018.

O tom subiu ainda mais alto em 20 de junho depois que o Irã derrubou um drone de observação da Marinha dos EUA que, segundo ele, havia invadido seu espaço aéreo. Em retaliação, os EUA estavam preparando ataques aéreos antes que Trump mudasse de ideia no último momento, mas depois acrescentou: “Qualquer ação do Irã contra qualquer interesse americano desencadeará uma resposta poderosa e esmagadora… Em algumas áreas, esmagadora significará aniquilação”. Além da odiosa encenação de Trump por si mesmo no início da sua nova campanha eleitoral para a eleição presidencial, além dos excessos dos falcões Bolton e Pompeo, essas advertências são assumidas pelo Estado americano e pelo Pentágono, e são dirigidas não somente ao Irã, mas visam a afirmar a determinação dos EUA diante do mundo inteiro.

Escaladas belicistas

Em 24 de junho, Trump assinou um decreto impondo novas sanções, fortalecendo o embargo, congelando os ativos no exterior de certos dignitários iranianos, consideradas pelo Irã “como um ato hostil em linha com o terrorismo econômico e a guerra econômica lançada contra nossa Nação” e como um desejo de “fechar permanentemente o caminho da diplomacia com o governo pronto para tudo”. O Irã é estrangulado pelo embargo, que tem como objetivo pô-lo de joelhos e impor-lhe as decisões norte-americanas, ou até mesmo provocar o colapso do regime. As exportações de petróleo iraniano caíram para 750.000-900.000 barris por dia, principalmente para a China, frente a 2,6 milhões de barris por dia há um ano. Uma situação dramática que a população paga através do aumento dos preços, do desemprego e da pobreza.

Esta política reforça, de fato, o poder dos mullahs que exploram os sentimentos anti-estadunidenses. Em resposta a estas novas sanções, esses últimos anunciaram que começariam a quebrar seus compromissos nucleares em 7 de julho, se os outros signatários do acordo (China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) não encontrassem uma maneira de aliviar o peso das sanções dos EUA. O ministro francês dos Relações Exteriores, Le Drian, apressou-se a denunciar este “grave erro”…

Ruído de botas

Ainda em 17 de junho, Washington anunciou que enviaria mais 1.000 militares “para fins defensivos em resposta a ameaças aéreas, marítimas e terrestres no Oriente Médio”. Em 5 de maio, já havia sido anunciado o deslocamento do porta-aviões Abraham-Lincoln e do seu grupo de batalha nas águas do Golfo Arábico. Quatro bombardeiros estratégicos B-52 chegaram a 8 de maio à base do Qatar em al-Udeid. Outro navio da Marinha dos EUA, o Arlington, com uma força naval, veículos de assalto anfíbios, helicópteros e uma bateria antimíssil Patriótica, está a caminho do Médio Oriente e o Pentágono lançou um plano de intervenção que irá destacar 120.000 soldados para a região – quase tanto quanto do que para a guerra contra o Iraque.

É muito provável que hoje os Estados Unidos não queiram uma guerra direta ou prefiram, se possível, evitá-la, convencidos de que o equilíbrio de poderes é inteiramente a seu favor. Isto é o que Trump quis enfatizar quando disse, a respeito da possibilidade de um confronto militar: “Estamos em uma posição muito forte, e não duraria muito tempo, posso lhe dizer isso”. Declarações que, no entanto, assumem o risco de confronto e de consequências que não poderiam ser limitadas ao Irão, que incendiaria o Médio Oriente, provocaria um recrudescimento do terrorismo em resposta ao hediondo terrorismo de Estado US, agravaria a instabilidade e as tensões internacionais.

Assistiríamos a um aumento dos preços do petróleo, a uma diminuição do comércio internacional e, provavelmente, a uma recessão global, cujos elementos já estão em vigor.

A desordem globalizada

A política de Trump, inclusive em sua única encenação, responde às necessidades de Wall Street, ou seja, de uma classe capitalista pronta para defender com unhas e dentes sua dominação mundial no contexto da livre concorrência distorcida e globalizada. Não tem mais condição de ser a polícia do mundo capitalista, mas tornou-se um poderoso fator de desordem global, movido pela defesa dos seus próprios interesses.

A primeira potência mundial tem um calcanhar de Aquiles, a contradição entre 99% e 1%, que a mina a partir de dentro, uma contradição cada vez mais brutal, óbvia, destrutiva e cuja explosão e atiçada pela política de Wall Street e Pentágono, como também pelas ridículas e cínicas excentricidades de Trump. A única resposta à ameaça que a política dos EUA representa para todo o planeta.

Reprodução da tradução realizada pelo Portal da Esquerda em Movimento.


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