Quem for de direita toma cloroquina, quem for de esquerda, toma a vacina!
Enquanto as vacinas já chegaram para fase de testes no Brasil saúda a cloroquina em ato de apoiadores.
A CoronaVac já está em fase de testes no Brasil: trata-se de uma vacina do laboratório chinês Sinovac Biotech, que já conta com 90% de eficácia e é uma das mais avançadas no Brasil. A partir de negociação do governo de São Paulo 20 mil doses chegaram no Brasil e a vacina será testada em 9 mil pessoas — preferencialmente em profissionais da Saúde. Os testes já começaram no Hospital das Clínicas. Caso apresente eficácia, a vacina poderá ser produzida no Brasil pelo Instituto Butantã e distribuída no Sistema Único de Saúde em 2021. [1] Tudo nos conformes protocolares da ciência experimental, porém empírica e promissora.
Enquanto isso, Bolsonaro segue atuando como o curandeiro das massas. Em seu segundo teste, continua infectado pelo Covid-19 [2]. Há quem o chame de louco, mas burro ele certamente não é, pois monitora os efeitos cardíacos da cloroquina ao menos duas vezes por dia [3]. O resultado pareceu surpreender o presidente: seu tratamento milagroso não está funcionando nem lhe rendeu a cura. Todavia, este revés não lhe impediu de “saudar a cloroquina”, para um caloroso aplauso de bolsonaristas em mais uma aglomeração no Palácio do Planalto [4].
O Presidente tem motivos ocultos para insistir na “cloroquina de jesus”. Está sendo investigado pelo Tribunal de Contas da União por superfaturamento na produção de milhões de comprimidos de cloroquina [5] — um protocolo que mata mais do que cura, sem qualquer eficácia comprovada e que foi rejeitado até nos Estados Unidos da América. Bolsonaro segue em seu curso solitário como o último garoto-propaganda da Cloroquina no globo terrestre.
O militarizado Ministério da Saúde, apesar de deixar Bolsonaro exercer seu devir curandeiro a própria sorte, está apostando na vacina britânica AstroZeneca, que também está sendo testada pelo Instituto Fiocruz [6]. Doria aposta na vacina chinesa, seguindo o princípio de que a solução para a pandemia virá do mesmo país onde ocorreram os primeiros casos.
Com a imunidade de rebanho dando ou não um fim natural — e catastrófico — à pandemia brasileira até o final do ano, alcançando talvez 200.000 mortes (uma em cada mil brasileiros) até setembro, a vacina certamente passará a ser produzida no Brasil. Bolsonaro de toda maneira vai precisar dar um destino aos 4,2 milhões de comprimidos de cloroquina que estão no país: 2,2 milhões produzidos pelo Exército, e mais 2 milhões doados por Trump (presente de grego!) [7]. Caso contrário, poderá ser indiciado por superfaturamento. A este impasse, oferecemos uma singela sugestão:quem for de direita, toma cloroquina, e quem for de esquerda, toma a vacina!
Os estudos já indicam que as cidades com maior taxa de eleitores de Bolsonaro lideraram os contágios do Covid-19 [8], e se seguirem tomando a cloroquina, também liderarão as taxas de morte. Em especial aqueles apoiadores idosos, cardiopatas e diabéticos — que são os mais vulneráveis à medicação. Vamos ver até que ponto os bolsonaristas sustentam seu discurso negacionista: afinal de contas, quem há de confiar em uma vacina da ‘China comunista’?
Referências
[1] https://super.abril.com.br/saude/coronavac-vacina-chinesa-comeca-a-ser-testada-no-brasil/
[2] http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/bolsonaro-testa-positivo-novamente-para-covid-19/
[4] https://tv.estadao.com.br/politica,bolsonaro-sauda-cloroquina-em-ato-de-apoiadores,1107886
[7] https://movimentorevista.com.br/2020/07/imunidade-de-rebanho-e-o-fim-da-pandemia-no-brasil/
[8] https://oglobo.globo.com/sociedade/cidades-pro-bolsonaro-registraram-maior-taxa-de-contagio-pela-covid-19-indica-estudo-24409329