Depois de 15 dias de invasão da Ucrânia, é preciso combater a guerra e seus efeitos

Depois de 15 dias de invasão da Ucrânia, é preciso combater a guerra e seus efeitos

As três “pestes” – Covid-19, desastres ambientais e guerra – afetam as massas populares e trabalhadoras em todo o mundo.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 11 mar 2022, 20:38

A agressão imperialista russa contra a Ucrânia já dura mais de 15 dias. A guerra comove o planeta. Após três rodadas de negociações, as tentativas de cessar-fogo foram frustradas. Alguns “corredores humanitários” estabelecidos nas primeiras conversações foram bombardeados. Já são 2,3 milhões de refugiados de guerra. O conflito desenrola-se enquanto paira a sombra de uma ação nuclear, sempre alardeada pelo chauvinismo grão-russo de Putin.

Apesar disso, permanece na esquerda brasileira uma discussão sobre o caráter da ação russa, com muitos vergonhosamente defendendo a invasão e os bombardeios. Na Rússia, o ativismo contra a guerra tem sido recebido com repressão: quase 20 mil manifestantes já foram presos por lutar contra guerra e a tirania de Putin em manifestações por todo o país.

No portal Movimento, temos publicado uma série de artigos sobre a guerra. A ameaça de uma escalada global, mesmo que improvável, coloca um problema civilizatório na ordem do dia. Por isso, a luta contra a guerra ordena a luta política mundial. No Brasil, por sua vez, os efeitos são enormes. A inflação, que nos últimos anos já vinha castigando o povo trabalhador, acelera com o mega-aumento dos combustíveis promovido pela Petrobrás. Bolsonaro é cúmplice da guerra e responsável pela catástrofe que nos ameaça.

Uma crise de escala mundial: por um movimento internacional de luta contra a guerra

Nossa corrente esteve na vanguarda da construção de atividades contra a guerra, difundindo a declaração da IV Internacional e agrupando diferentes setores que rejeitam o campismo que reduz a crítica a Putin. Temos realizado uma série de iniciativas, atos nos consulados e embaixadas e um grande ato internacional on-line, que juntou dirigentes de organizações socialistas de mais de 15 países, contra a agressão à Ucrânia.

Ao mesmo tempo, temos feito a dura crítica à hipocrisia da OTAN, que fustigou o conflito com sua expansão pelo leste europeu e que agora usa a Ucrânia como plataforma para a política de fortalecimento da aliança militar dos Estados Unidos com os países da Europa e de aumento dos gastos militares no eixo atlântico.

É preciso colocar o movimento de massas em ação para denunciar a guerra, a catástrofe humanitária e os custos para os povos de todo o mundo de uma escalada belicista. O aumento do preço dos combustíveis e dos alimentos é apenas uma primeira manifestação das duras consequências do conflito em curso.

Após a pandemia, temos assistido a uma crise geral do capitalismo global e da própria humanidade. As três “pestes” – Covid-19, desastres ambientais e guerra – têm afetado, sobretudo, as massas populares e trabalhadoras em todo o mundo. Agora, assiste-se a uma escalada inflacionária em escala mundial. Fala-se mesmo numa nova crise mundial do petróleo. No Brasil, o aumento chegou com toda a força.

Não ao mega-aumento dos combustíveis

Ontem (10), a Petrobrás anunciou um mega-aumento nos preços dos combustíveis nas refinarias: 18,8% da gasolina, 24,9% do diesel e 16,1% do gás de cozinha. Apesar do choque da guerra da Ucrânia e das sanções conduzidas pelos Estados Unidos e União Europeia a empresas russas do setor de energia, o novo aumento dá continuidade à escalada dos preços que se tornou a marca da empresa desde a adoção da política de paridade de preços internacionais (PPI) em 2016.

Em 2021, a Petrobrás lucrou R$ 106,6 bilhões de reais, um dos maiores de empresas petroleiras em todo o mundo. Na realidade, o PPI serve como uma verdadeira política de extração de renda do povo brasileiro para os bolsos de especuladores e acionistas privados da Petrobrás que ditam a política corporativa, colocando a economia brasileira como refém de seus interesses de acumulação. O governo Bolsonaro, por sua vez, preocupado com os efeitos da inflação em ano eleitoral, debate com o Congresso alternativas para mitigar o aumento dos preços, na realidade apenas experimentos temporários, que servirão para transferir dinheiro de impostos como subsídios, mantendo os lucros astronômicos dos fundos transnacionais que capturaram a Petrobrás.

Por tudo isso, a esquerda socialista deve articular um plano de urgência para lutar contra a inflação, em particular de combustíveis e alimentos, e oferecer uma saída independente para o desenvolvimento do Brasil e para a recuperação dos salários e do nível de vida do povo trabalhador. Esta deve ser a tarefa do PSOL agora e também nas eleições de 2022.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 19 nov 2024

Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas

As recentes revelações e prisões de bolsonaristas exigem uma reação unificada imediata contra o golpismo
Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi