Diante da provocação do sionismo, tomar medidas diplomáticas mais efetivas
14709370432_a7fba88ed4_b

Diante da provocação do sionismo, tomar medidas diplomáticas mais efetivas

É necessário mobilização para exigir ações duras do Brasil contra Israel no campo diplomático

Israel Dutra 11 nov 2023, 07:56

Foto: Flickr

Enquanto o país acompanha o périplo para a retirada de 34 brasileiros de Gaza pelo portão de Rafah, a direita sionista se organiza para disputar nas redes e nas ruas a opinião pública. O encontro do embaixador foi a máxima expressão dessa aliança aberta com a extrema direita golpista, e seu líder, Bolsonaro.

Foi uma verdadeira provocação a atividade entre do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, com Bolsonaro, em meio aos protestos que parlamentares organizaram em favor da causa palestina.

De um lado do plenário, o ato organizado por Fernanda Melchionna, Glauber Braga, Erika Kokay, Luizianne Lins, Padre João e Jandira Feghalli entre outros parlamentares, defendia o cessar-fogo a partir de uma carta assinada por 61 deputados que denunciava o genocídio e o apartheid. Do outro, a embaixada de Israel, alavancada pela direita mais golpista do parlamento promovia o ato com Bolsonaro.

Como escreveu Jamil Chade, sobre a reunião que foi “considerada nos corredores do Itamaraty como uma quebra grave de protocolo, uma intromissão na política doméstica e uma relação complicada com um personagem público que está inelegível”

A disputa contra o massacre de Gaza envolve a combinação de uma luta militar, de opinião pública, de mobilização de massas e relações diplomáticas.

Do ponto de vista militar a situação é terrível, com o maior massacre a céu aberto de crianças da história recente, com números assustadores que indicam que 11 mil palestinos foram assassinados, na sua ampla maioria de civis. A disputa da opinião pública está intensa, com o lobby sionista atuando sobre as grandes redes de comunicação e punindo funcionários como os do Google, que pediram fim dos projetos como o governo israelense. Contudo, as pesquisas de opinião indicam que desde o dia 7 de outubro, com desigualdades, a condenação à agressão à Gaza, bem como o clamor pelo cessar-fogo imediato, cresceu em todos os países.

No âmbito das manifestações, a escala é crescente: os judeus antissionistas tem pautado às manifestações nos Estados Unidos; portuários da Bélgica, Catalunha e Inglaterra paralisaram suas atividades para bloquear o envio de armas para Israel; as universidades australianas romperam contratos com a empresa israelense Elbit, fabricante de armas.

Se prepara para o final de semana, em Londres, a maior manifestação desde o começo da agressão, rompendo e desmoralizando a ministra do governo que tentou impedir o protesto. Soma-se a isso que os parlamentos de Gales e da Irlanda votaram favoráveis ao cessar-fogo.

O caso brasileiro é emblemático. O sionismo está atacando nas redes, universidades e perseguindo parlamentares e docentes. O Brasil foi o proponente da resolução da ONU, a partir da cadeira que ocupa no Conselho de Segurança, do Cessar-fogo e de ajuda humanitária. Mesmo com uma esmagadora maioria aprovando a resolução, Israel, escudado pelos Estados Unidos desconheceu a resolução.

É hora de responder a provocação do embaixador e seguir alguns exemplos internacionais: Petro subscreveu a proposta da Argélia de levar Netanyahu para o TPI em Haia; o parlamento turco rompeu todos os acordos comerciais com o Estado de Israel, além de países como Bolívia, África do Sul e Jordânia que formalmente romperam as relações diplomáticas.

O Brasil pode e deve dar um passo adiante. Deve expulsar o embaixador israelense, convocar de volta seu representante diplomático em Tel Aviv e ser um agente político ativo no isolamento internacional da política de morte de Netanyahu. Com o retorno dos 34 brasileiros de Gaza, a diplomacia brasileira não tem nenhuma alegação para evitar dar esses passos.

Na noite de ontem, 9 de novembro, uma manifestação contundente da comunidade acadêmica e científica da USP, coordenados por professores como Arlene Clemesha e Vladimir Safatle, reuniu importantes intelectuais e dirigentes políticos como o escritor Milton Hatoum, a deputada e presidente da Fundação Lauro Campos, Luciana Genro, o deputado federal Ivan Valente, do PSOL, o presidente da FEPAL, Ualid Rabah , a coordenadora da Frente Palestina, Soraya Misleh, o professor Valter Pomar, entre outros, para impulsionar o manifesto que pede o cessar-fogo imediato, subscrito por dezenas de personalidades.

O manifesto propõe medidas concretas que somam ao apelo à diplomacia brasileira fazer mais, como por exemplo:” – revogue imediatamente todos os acordos militares e de segurança já firmados com o Estado de Israel; – apoie a reativação do Comitê da ONU contra o crime de apartheid, para que ele possa averiguar e encaminhar para julgamento o caso atualmente em curso no território da Palestina histórica.”

A esquerda brasileira precisa avançar na exigência da ruptura de relações com Israel, ampliando o eco a campanha pela libertação de Ahed Tamimi, jovem liderança que encarna a luta pela liberdade dos milhares de presos políticos palestinos, além da denúncia do genocídio e do apelo imediato ao cessar-fogo.

O Brasil deveria corresponder à ideia de uma “diplomacia ativa e altiva”, organizando os países que estão de acordo com o cessar-fogo, ancorados nas resoluções da ONU, para em bloco romper relações efetivas com Israel. Essa medida seria uma movida forte no tabuleiro da guerra e poderia ter impacto real. Seria um sopro efetivo de esperança para parar as mortes em Gaza.


TV Movimento

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.

Desenvolvimento Econômico e Preservação Ambiental: uma luta antineoliberal e anticapitalista

Assista à Aula 02 do curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe nosso site para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 22 out 2024

A esquerda e o segundo turno

Sobre o cenário das atuais disputas eleitorais e da luta urgente contra a austeridade fiscal
A esquerda e o segundo turno
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 53
Nova edição da Revista Movimento debate Teoria Marxista: O diverso em unidade
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate Teoria Marxista: O diverso em unidade