UFPR revoga ‘Honoris Causa’ concedidos a presidentes militares
Conforme o reitor da instituição, o momento é de reafirmar o compromisso da universidade – a mais antiga do país, com 11 anos – com a democracia e com a memória
Foto: UFPR
Em alusão aos 60 anos do golpe militar no Brasil, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Paraná (UFPR) decidiu revogar os títulos de Doutores “Honoris Causa” concedidos aos presidentes da República militares durante o período da Ditadura. a determinação foi tomada em reunião realizada no último dia 1º. Receberam os títulos os presidentes Humberto de Alencar Castelo Branco, Artur Costa e Silva e Ernesto Geisel.
“Revogar os títulos de doutores Honoris causa dados aos presidentes da República da época da ditadura militar brasileira – que na época ditatorial eram chefes de estado e de governo, chefes supremos das forças armadas, articuladores e executores centrais das políticas de repressão e do terror de Estado, condutores de regimes de força que levaram adiante horrores, torturas, mortes e supressão de direitos, de liberdades e da própria democracia – parece que é medida necessária para uma instituição como a Universidade Federal do Paraná”, disse Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da UFPR, que também foi relator do processo.
O relatório de Fonseca argumenta que o momento é de reafirmar o compromisso da universidade – a mais antiga do país, com 11 anos – com a democracia e com a memória. Segundo o texto, a UFPR “não pode deixar de respeitar continuamente o passado na sua real espessura e deve a cada momento se vacinar contra as ‘artimanhas da memória’ que ainda hoje atuam para distorcer, para deturpar, para desenformar”.
“Este é o momento de reafirmar o compromisso da universidade com o presente, […] dar os nomes às coisas como elas são […] em memória de tantas pessoas (ou seus familiares), ainda no nosso convívio, que sofreram nas próprias vidas e nas próprias carnes e corpos as injustificáveis violências da ditadura” […] Precisamos hoje sermos melhores do que fomos ontem”, diz o relatório. “Este é o momento de reafirmar o compromisso de nossa universidade com o futuro […] Precisamos assegurar que as novas gerações que entram nos portões da Universidade Federal do Paraná sintam-se sempre mais e mais conectadas com os melhores valores democráticos. Precisamos ser melhores amanhã do que somos hoje, do que fomos ontem”.