06 de Junho de 2004, vinte e um anos depois
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06 de Junho de 2004, vinte e um anos depois

Após mais de duas décadas de existência, o PSOL se encontra em um impasse programático

Israel Dutra 6 jun 2025, 11:30

Foto: Encontro nacional do movimento por um novo partido, que daria origem ao PSOL. (Flickr/Reprodução)

O aniversário de vinte e um anos do PSOL é um registro simbólico. Com as diferenças na percepção sobre o passar do tempo, esse punhado de anos pode ser considerado um longo caminho ou apenas parecer que foi “ontem”. É famosa a expressão atribuída a Lênin de que existem dias que valem por anos. Ou, para melhor qualificar, como no triste período da ditadura civil militar brasileira, que durou 21 anos quando se registra de 1964 a 1985. Vinte e um anos é mais do que uma geração.

E nosso Partido, o Partido Socialismo e Liberdade, completa vinte e um anos no dia de hoje. Foi no final da tarde de um domingo, 06 de junho, que seria lavrada a ata oficial dos 101 fundadores e membros da sua primeira Direção Nacional Provisória, instalando oficialmente o novo Partido. Um belo artigo de Luciana Genro, com toda a sua autoridade de fundadora e fio de continuidade dessa história, rememora a importância daquele feito.

Perante os desafios do presente, queremos refletir sobre como intervir diante dos debates sobre os 20 anos da legalização e as propostas de discussão programática.

Sobre os 20 anos da legalização do PSOL

A campanha de legalização foi um triunfo militante enorme, que possibilitou a existência real do Partido. Foi fruto não só das correntes envolvidas no processo, da Direção Nacional de então, como foi a expressão da atividade e do empenho de centenas de quadros militantes organizados nas cinco regiões do país. Uma atividade extenuante, pois fora o primeiro partido que foi legalizado nesses moldes buscando quase 500 mil assinaturas validadas em cartório.

Junto à legalização do PSOL, tivemos um importante reforço de quadros e dirigentes, numa “segunda onda” de ruptura com o PT para somar-se ao PSOL, então conformado pelo peso dos radicais – Heloisa Helena, Luciana Genro, Babá e João Fontes -, das lideranças sindicais e juvenis que se destacavam na luta contra a reforma da previdência e das organizações fundadoras. A ruptura com o PT, abalado com a crise do mensalão e com a disputa interna onde os setores da esquerda apoiaram a campanha de Plínio de Arruda Sampaio, fortaleceu significativamente o PSOL

Em setembro de 2005, o PSOL combinou a conquista de sua legalização com o ingresso de uma nova leva de parlamentares, incrementando sua influência política e dando passos que confirmaram o acerto de sua fundação.

Parte dessa história foi reunida no livro alusivo aos 10 anos do Partido, organizado por Israel Dutra e Juliano Medeiros.

O PSOL cresceu e se desenvolveu como parte da realidade da esquerda brasileira, contudo, está sob o risco da sua frequente institucionalização – numa tensão permanente que estamos afrontando em diversas votações e episódios, que culmina com a hipótese de Boulos ser nomeado ministro.

Desafios, programa e tarefas

A Direção Nacional do PSOL votou um processo de discussão programática, chamado PSOL+20, que visa referir aos 20 de legalização e discutir mudanças no programa do Partido, com uma conferência prevista para setembro.

Esse processo ainda está começando, sem muito apelo nas bases e, por ora, marcado por diferenças sobre nossa relação com o governo Lula. Governo que perde popularidade, mas segue atuando para manter a orientação social-liberal na economia e defendendo a extração de petróleo na Amazônia.

Diante do impasse que seria a adesão formal de Boulos como ministro, desacatando a resolução unitária do Diretório Nacional e colocando em risco a passagem do partido pela cláusula de barreira, as discussões programáticas parecem estar mais truncadas do que deveriam.

Nossa proposta é debater os temas mais candentes acerca do programa, levando em conta a necessidade da defesa de um projeto que seja ecossocialista e anticapitalista, que tenha como eixo a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores, rechaçando a conciliação de classes. Que coloque o antirracismo e o feminismo com centralidade, que possa ser consequente para ganhar a juventude que se mobiliza. Que tenha um perfil internacionalista e seja capaz com as demandas mais sensíveis do povo, lutando para que nossas ideias tenham maioria social.

Dentro desses eixos programáticos, seguimos atuando nas campanhas como a de Glauber Fica, a defesa do fim da escala 6×1, contra a anistia para os golpistas e em defesa do meio ambiente e da Amazônia. Apoiando as greves e demais lutas em curso.

Esse é o lugar do PSOL, definido por sua independência política, por sua vocação em enfrentar a extrema direita e na linha de frente das lutas. Apesar das tentativas da maioria da direção de aceitar a institucionalização e a desfiguração programática como regra, a ala marxista do Partido segue fiel às suas origens.


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Editorial
Israel Dutra | 06 jun 2025

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Autores

Camila Souza