Pedido o indiciamento de Bolsonaro e mais 60 
CPMI

Pedido o indiciamento de Bolsonaro e mais 60 

Relatora apresentou relatório final da CPMI do 8 de Janeiro. Texto deve ser votado nesta quarta-feira

Tatiana Py Dutra 17 out 2023, 17:30

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) apresentou nesta terça-feira (17) o relatório final da CPMI do 8 de Janeiro, iniciada há quase cinco meses. O presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), deu prazo até 9h desta quarta-feira (18) para o pedido de vista coletiva e marcou a votação do parecer para o mesmo dia.

No documento, a relatora pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pelos crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado. 

As mais de 1,3 mil páginas do relatório elencam o modus operandi de Bolsonaro e seus comparsas para invalidar as eleições e, após derrota nas urnas, acelerar um projeto de golpe de Estado para manter-se no poder. Entre as atitudes listadas estão ataques recorrentes à democracia, cooptação de órgãos de segurança e aparelhamento da Polícia Rodoviária Federal e ações do gabinete do ódio e milícias digitais para manobrar eleitores de extrema direita e insuflá-los a apoiar o golpe.

“Diferentemente do que defendem os bolsonaristas, o 8 de Janeiro não foi um movimento espontâneo ou desorganizado: foi uma mobilização idealizada, planejada e preparada com antecedência. Os executores foram insuflados e arregimentados por instigadores, que definiram, de forma coordenada, datas, percurso e estratégias de enfrentamento e ocupação dos espaços. Caravanas foram organizadas de forma estruturada e articulada. Extremistas radicais tiveram as passagens pagas e a estada em Brasília subsidiada.Houve método na invasão: os edifícios-sede dos Três Poderes foram tomados quase simultaneamente, a intervalos muito curtos de tempo. Quando os insurgentes subiam a rampa do Planalto, manifestantes ainda não haviam tomado o Salão Verde do Congresso; quando os vândalos entraram no Supremo, a destruição mal havia começado nos outros prédios. Autoridades que poderiam evitar a depredação protegeram, intencionalmente, os manifestantes; omitiram-se de forma deliberada e premeditada; ou atuaram comissivamente para a consumação das invasões e depredações”, diz trecho do relatório.

Se aprovado, o texto será encaminhado ao Procuradoria Geral da República (PGR), Polícia Federal (PF) e Supremo Tribunal Federal (STF).

Outros indiciados

Militares graúdos que integraram o governo Bolsonaro também foram elencados no pedido de indiciamento. É o caso do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa; do general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; e do general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência. O mesmo pedido foi endereçado para o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Eliziane também sugere o indiciamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Baixo impacto

Apesar do mérito de ser o primeiro documento oficial acusando Bolsonaro e seus cúmplices pelos crimes cometidos, na prática, é ineficiente para punir os indiciados em caso de processo. A CPMI foi incapaz de levar nomes como Jair Bolsonaro e Braga Neto para as oitivas; Mauro Cid ficou mudo; Heleno se fez de doido e outros nomes com responsabilidade na destruição da Praça dos Três Poderes jamais foram ouvidos. Dessa forma, o relatório final em nada contribui para a investigação que a Polícia Federal vem desenvolvendo sobre os crimes. Ainda que sugira indiciamento, a Procuradoria Geral da República (PGR) dificilmente levará o material em consideração antes do fim do inquérito policial.

Apesar disso, pode-se, ironicamente, saudar a CPMI como uma das poucas comissões parlamentares de inquérito desses primeiros meses de legislatura a terem, ao menos, uma conclusão. O relatório da CPI das Americanas, por exemplo, não apontou responsáveis pelo rombo bilionário na empresa, e na malfadada CPI do MST nem relatório foi votado. Desperdício de tempo e recursos para um minguado Carnaval midiático. Será que o povo se divertiu?

*Com informações da Agência Senado


TV Movimento

Palestina livre: A luta dos jovens nos EUA contra o sionismo e o genocídio

A mobilização dos estudantes nos Estados Unidos, com os acampamentos pró-Palestina em dezenas de universidades expôs ao mundo a força da luta contra o sionismo em seu principal apoiador a nível internacional. Para refletir sobre esse movimento, o Espaço Antifascista e a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco realizam uma live na terça-feira, dia 14 de maio, a partir das 19h

Roberto Robaina entrevista Flávio Tavares sobre os 60 anos do golpe de 1º de abril

Entrevista de Roberto Robaina com o jornalista Flávio Tavares, preso e torturado pela ditadura militar brasileira, para a edição mensal da Revista Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 16 maio 2024

Tragédia no RS – Organizar as reivindicações do movimento de solidariedade

Para responder concretamente à crise, é necessário um amplo movimento que organize a luta pelas demandas urgentes do estado
Tragédia no RS – Organizar as reivindicações do movimento de solidariedade
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 49
Nova edição traz o dossiê “Trabalho em um Mundo em Transformação”
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição traz o dossiê “Trabalho em um Mundo em Transformação”