A tragédia social de Petrópolis
Basta de destruição e morte nos lares das famílias trabalhadoras!
O cenário de guerra em que se transformou Petrópolis comove o país. Depois das tempestades e deslizamentos da última semana, 171 mortos já foram encontrados, nem todos identificados. Ainda há registros de 110 desparecidos, além de milhares de desalojados. A indignação pela escala da tragédia humana e pela destruição aumenta com as notícias de precariedade e dificuldade das operações de resgate. Familiares, amigos e vizinhos organizam-se sem descanso na busca pelos corpos de seus entes queridos.
Em meio a um governo que promove um genocídio em toda linha, a tragédia de Petrópolis é um retrato do país. Na virada do ano, já havíamos visto a destruição e as mortes causadas por inundações no sul da Bahia, em Minas Gerais, na região metropolitana de São Paulo e em outros pontos de calamidade no Brasil. Não é um acaso nem um mero acidente natural. As mudanças climáticas e a intensificação das inundações têm seu efeito ampliado pelos problemas estruturais de habitação no país, com péssimas condições de moradia para o povo, a ocupação de encostas e o descaso permanente dos governos.
Nos últimos dias, nosso portal Movimento tem acompanhado a situação na região serrana do Rio de Janeiro, com os artigos de nossas companheiras Rose Silveira e Silvana Louzada.
A nossa solidariedade e a deles
Após a crise, houve duas posturas distintas. Sindicatos, movimentos populares e sociais, como o SEPE regional Petrópolis, parlamentares de vários partidos, como o deputado Glauber Braga e o vereador Josemar Carvalho, atuaram para organizar a solidariedade ativa, auxiliando na construção de uma rede de arrecadação de alimentos, roupas, além de um grande grupo de voluntários para apoio.
De outra parte, repetiu-se a indiferença criminosa de Bolsonaro, numa jornada errática de reuniões na Rússia e na Hungria em suas articulações com a extrema-direita internacional. Apenas no final de semana, dirigiu-se à cidade para fazer-se fotografar em cenário controlado e anunciar o “apoio” do governo.
Ao mesmo tempo, a crise em Petrópolis recolocou em debate a chamada “taxa do príncipe”, o laudêmio, um pagamento de 2,5% de todas as transações de venda de imóveis do centro de Petrópolis aos herdeiros da família Bragança, um inaceitável privilégio mantido desde a monarquia, ainda não abolido mesmo após 122 anos.
Mais de dez anos depois das quase mil mortes com as inundações e deslizamentos na região serrana em 2011, a responsabilidade dos sucessivos governos fluminenses fica em evidência com a repetição da tragédia. Não bastasse a falta de medidas de prevenção, há ainda denúncias de desvios de R$ 4 bilhões da secretaria responsável.
Por um plano de urgência para enfrentar a crise e as tragédias
Os governos, responsáveis pela destruição e pelas vidas perdidas, têm a obrigação de promover imediata reparação aos atingidos pela inundação e pelos deslizamentos em Petrópolis.
Ao mesmo tempo, é preciso exigir um plano de urgência de mapeamento das regiões de risco de deslizamento em todo o país, aumento do efetivo e dos recursos das defesas civis e promoção de uma ampla reforma urbana nacional, que redistribua e reocupe terrenos e imóveis ociosos. Eis um debate programático que a esquerda socialista tem a obrigação de fazer diante da concentração obscena de riquezas, da miséria e da destruição inaudita das cidades brasileiras. Basta de destruição e morte nos lares das famílias trabalhadoras!