Não daremos um passo atrás!

O movimento #EleNão é o catalizador de massas e o diálogo democrático contra o protofascismo brasileiro.

Italo Jardim 25 out 2018, 15:12

Amplo Movimento Democrático e olho vivo nas massas

A luta do Movimento Democrático contra Bolsonaro vota 13 e independentemente do resultado não sairá das ruas! Uma resposta ao discurso autoritário e antidemocrático que tenta evocar o medo contra os que incansavelmente lutam por uma sociedade justa e igualitária.

O embrião do fascismo está crescendo e mais a vontade para se mostrar, adotou agora na última semana da eleição não só o ódio, mas a tentativa de impor o medo. Dois episódios dessa semana ajudam a entender a mudança de curso nessa reta final. Um vídeo gravado onde o deputado e filho do candidato do PSL diz ser simples fechar as portas do Superior Tribunal Federal apenas com dois militares de baixa patente. Outro episódio foi uma gravação onde o próprio Bolsonaro afirma “Ou vai pra fora ou vai para a cadeia” um discurso orientado aos militantes e ativistas sociais históricos da esquerda brasileira.

Ameaçar as instituições democráticas e a vida dos lutadores sociais que estão diariamente no combate à pobreza e na construção de uma sociedade melhor, não é apenas uma aberração, é o prenúncio da instalação da barbárie. Além disso, é a tentativa tosca, de frear, através do medo, o grande movimento capaz de derrubá-lo. O movimento #EleNão é o catalizador de massas e o diálogo democrático contra o protofascismo brasileiro. Nele devemos fazer a aposta dessa luta histórica tão importante.

Um grande Movimento democrático avança no segundo turno. Ciro Gomes, Guilherme Boulos, Eymael, João Goulart Filho e Marina declararam apoio a Haddad. A virada eleitoral ganhou força e maiores apoios a partir dos elementos autoritários e discursos fascistas do presidenciável, que além de fazer apologia à tortura, diz que, vai banir quem não se adaptar.

Somente um movimento amplo que englobe todos os setores democráticos da política brasileira poderá vencer essa difícil batalha, uma aliança capaz de girar as baterias para derrubar o inimigo maior.

A tarefa é resistir!

Do lado de cá não tem arrego! Tem luta até dia 28 nas urnas. Terá luta após o dia 28 nas ruas. E não vamos parar um dia sequer enquanto houver ameaça fascista a frágil e recente democracia brasileira.

A intimidação é a arma dos que não querem debater e preferem o uso da força. A tarefa é resistir de cabeça erguida, fragilizando desde já esse provável futuro regime que a cada ameaça que verbaliza demostra mais claramente seus objetivos ditatoriais e perversos.

O MTST e o MST nos representam. A luta por terra e moradia num país que sequer fez a reforma agrária e tem mais imóveis vazios do que famílias necessitando de moradia é justa, não é razoável criminalizar pessoas que lutam por dignidade naquilo que é básico para a vida em sociedade. Mas não serão apenas esses movimentos sociais que a corja do PSL e sua gestão tentarão colocar como os inimigos dos trabalhadores. São milhares, que serão duramente atacados como vêm fazendo Bolsonaro e seus filhos eleitos deputados.

Jovens do movimento estudantil, secundaristas e universitários, sindicatos de luta dos trabalhadores, movimentos sociais organizados, pesquisadores, professores, operários, mandatos parlamentares a serviço da democracia, Coletivos de mulheres, o Movimento Negro, os LGTQI+, além de antigos lutadores que experienciaram o confronto a ditadura civil-militar nos piores anos da nossa história recente. Todos farão parte dessa massa que estará do lado certo da trincheira contra a destruição de nossas vidas, sobretudo do povo pobre e da juventude periférica brasileira.

Um balanço necessário.

Não é possível fazer uma caracterização da realidade sem que façamos uma reflexão rigorosa dos acontecimentos que nos levaram a grave situação política atual. Em dois episódios recentes, durante palanques de campanha petistas a necessidade de autocrítica se fez presente e incomodou.

Em 15 de Outubro, No Ceará, O senador eleito Cid Gomes, irmão do ex-candidato a presidência pelo PDT, Ciro Gomes, cobrou mea culpa do PT, foi hostilizado e aos gritos disse “É por isso que vocês vão perder”. No dia seguinte o senador afirmou que Haddad é infinitamente melhor que Bolsonaro. No comício do dia 22\10 na Lapa-RJ, O Rapper e compositor consagrado, Mano Brown afirma “Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil. Temos uma multidão a ser conquistada ou vamos cair no precipício.” Foi vaiado, mas defendido por Chico Alencar do PSOL-RJ.

Ambas as falas foram um intervalo não só ao ambiente festivo, mas também ao adesismo e ao apoio veladamente crítico que se tem construído diante da trágica situação que nos encontramos. Não sairemos dessa condição histórica sem abandonarmos o comportamento acrítico que vem tomando conta dessa eleição.

As falas que destoam através de críticas contundentes aos graves erros cometidos durante os governos petistas, têm o potencial de nos fazer superar o momento de ameaça fascista e construir algo que supere as desastrosas consequências que o PT, aliás, tem grande parcela de responsabilidade.

Para construir uma Frente Democrática seria preciso elaborar um programa que possibilitasse uma dinâmica não serviçal ao PT, mas que de fato articulasse os acordos mínimos necessários numa plataforma, se transformando numa ampla unidade de ação para derrubar o autoritarismo.

O discurso de ódio e a imposição do medo

A perseguição, a violência armada, o ódio e a imposição do medo são táticas fascistas já conhecidas através do fascismo e do Nazismo. A História da humanidade nos deixou um legado de como enfrentar essa situação e vamos usar esse aprendizado assim como as armas necessárias. Dois pilares são fundamentais nessa articulação. O crescimento do amplo Movimento Democrático para derrotar a ascenção do autoritarismo e suas atrocidades, junto a compreensão da necessidade de tomar as ruas em grandes mobilizações de massas são cartão de acesso para colocar o autoritarismo de volta na latrina da História.

O povo está diante de uma experiência de perda de liberdades e de direitos que vão alterar o curso da República. O equilíbrio de forças que sustentam a democracia é um arranjo de grande complexidade e requer uma vigilância permanente. Bolsonaro não respeita os setores oprimidos pelo capitalismo. Despreza as mulheres; é racista, despreza os negros e indígenas e é lgbtfóbico.

Os retrocessos propostos e os caminhos ainda não revelados são capazes de destruir, em segundos, aquilo que se demorou décadas para erguer. No Brasil, foram 30 anos de suor e luta para conquistas trabalhistas na Previdência e de liberdades civis, que podem ruir a partir da posse de um autoritário e seus desmandos no poder.

O pedido de demissão do jornalista e Historiador Jurandir Machado na TV Guaíba no RS, em seguida a uma entrevista com o Bolsonaro quando foi proibido de fazer perguntas, deixou clara a forma como Bolsonaro tratará a imprensa. A censura antecede até mesmo pleito eleitoral onde nem mesmo aos debates o candidato comparece.

O inconsciente coletivo não nos deixará esquecer ações nem omissões. Disputar mentes e corações sob a provocação do medo é tarefa dos lutadores e lutadoras sociais que compreendem o desafio e as consequências dessa batalha. A História não perdoará nossa ausência.

O povo, os trabalhadores e a juventude não estão derrotados

A Reforma da Previdência, a cobrança de mensalidades nas universidades federais, a venda da Petrobras e a já anunciada política de endurecimento do regime, demonstram a rota de colisão que esse governo está com a classe operária e a juventude. Não haverá uma coisa sem a outra. O povo e a juventude não ficarão em casa assistindo seus direitos e seu futuro sendo roubados sem nenhuma ação. Haverá luta!

Estamos presentes em todos os atos por democracia e estaremos nas ruas e avenidas enquanto houver ataque às liberdades civis e aos direitos dos trabalhadores. Ao implementar o programa de reformas, Bolsonaro irá sequestrar os direitos do povo e aniquilará as conquistas dos trabalhadores nas últimas décadas, sem contar as graves ameaças de censura e perseguição.

Tais medidas só poderão ser vencidas pela organização da classe trabalhadora e pela juventude, com mobilizações de rua e muita disciplina. Dessa forma, é possível que o povo encontre o caminho da superação e através de seu protagonismo efetivo e permanente na luta pela manutenção de direitos e liberdade, consiga mais uma vez vencer a ameaça fascista que nos rodeia.

Assim como a luta nos Estados Unidos da América contra Donald Trump levou a um novo patamar a organização dos democratas e socialistas, são de extrema importância a luta do povo negro e a organização das mulheres no protagonismo da resistência. Nos EUA, esses movimentos foram ponta de lança contra as medidas autoritárias, a xenofobia e a descriminação, o que deu a tônica de uma voz anticapitalista e antissistema no centro do Imperialismo.

No Brasil não será diferente. Temos que apostar nos setores da vanguarda que estão na linha de frente do processo de lutas contra o protofascismo hoje. Indiscutivelmente esses são os setores mais atacados pelos reacionários e seu programa, pois guardam o potencial de encorajar as massas contra o governo e o possível novo regime.

A legitimidade retirada a cada golpe contra o protofascismo é o embrião de sua morte enquanto governo ou regime. A tarefa é dura, inadiável e imprescindível.

Todos contra a barbárie!


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Pedro Micussi