Nos tornamos dezenas de milhares em um dia histórico
(Texto originalmente publicado em 13 de junho de 2013)
“São Paulo rebelde, São Paulo bela, São Paulo sem medo”.
No final do ano passado, num livro da “Juventude Sem Futuro”, da Espanha, li uma frase que me chamou atenção: “Madrid rebelde, Madrid hermosa, Madrid sin miedo”. Era escrita por uma jovem ativista dos indignados que sacudiam a capital do país e ocupavam Puerta del Sol.
Nunca esperei que, em tão pouco tempo, São Paulo se tornaria igualmente rebelde. Igualmente bela. Igualmente com cada vez menos medo. Hoje foi um dia histórico em todo Brasil, e é isso o que devemos ter em mente: fomos 4 mil em Porto Alegre. 10 mil no Rio. No mínimo, 15 mil em São Paulo. A reação fascista dos governos – que têm em Alckmin e no atual Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), seus grandes líderes – demonstra também sua fragilidade. Há muito tempo, talvez há mais de dez anos, a burguesia não era obrigada a lidar com tanta gente na rua. A força da juventude está chacoalhando o Brasil justamente às vésperas de grandes eventos – Copa das Confederações, do Mundo e Olimpíadas – por meio dos quais se almeja alçar o Brasil ao topo do paraíso dos empresários. 20 centavos aqui, 30 acolá, em cada cidade do Brasil, estão se tornando muito mais do que moedas: são o campo de batalha em que podemos vencer e pelo qual já se abre uma nova situação política no país, como no mundo já vemos há quase 5 anos.
O Juntos é parte disso. Parte muito importante. Debaixo de um casaco fedendo a vinagre, me arrepio a cada momento que lembro de cada um de nossos militantes. Mesmo em meio a uma brutal repressão (hoje se comprova que ela vem da polícia e não dos manifestantes), fomos solidários. Coesos. Corajosos. Daqueles que – de onde vem tanta força? – levavam sobre a cabeça os instrumentos da bateria, mesmo em meio a bombas de gás, aos que hasteavam bandeiras para que nosso bloco se mantivesse coeso. Dos que se movimentavam coletiva e solidariamente (muitos distribuindo vinagre e mais vinagre), aos nossos camaradas da linha de frente que “negociavam” com a polícia. Estamos sendo grandes.
A dispersão, o gás, as balas e bombas não são o retrato do dia de hoje. O retrato são 15 mil nas ruas, incríveis, incontroláveis. Espontaneamente cantando palavras de ordem como “São Paulo acordou” e “O povo acordou”. E é verdade. Daqui para frente, podemos virar a maré. Ganhar o sentimento democrático para nós. Demonstrar que a violência vem somente da polícia e de seus chefes – os donos do poder desse país. E que as principais representações políticas da burguesia – PSDB e PT – precisam ser varridas da política nacional. Podemos, e já estamos abrindo uma nova situação no país.
Este será o retrato do dia 13 de junho de 2013. Histórico. Grandioso. E crescerá nossa confiança de que as bombas, os gases e os cassetetes poderão, tão somente, representar a faísca que incendiará o que eles, desesperadamente, buscam apagar. Nos tornando dezenas de milhares, eles não podem nos deter. E nós não vamos diminuir.
Parabéns a tod@s. Rebeldes, bel@s e sem medo.