Ocupação Maria Lúcia Petit quer levar Mamãe Falei à Justiça
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Ocupação Maria Lúcia Petit quer levar Mamãe Falei à Justiça

Deputado cassado por mensagens machistas contra mulheres ucranianas tentou invadir espaço que abriga vítimas de violência doméstica

Tatiana Py Dutra 9 maio 2023, 15:00

Foto: Facebook/Reprodução

A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar mais um caso de misoginia e violência contra a mulher envolvendo o ex-deputado estadual Arthur do Val. Conhecido pela alcunha de Mamãe Falei, o representante do Movimento Brasil Livre (MBL) teve o mandato cassado em 2022, por quebra de decoro parlamentar depois do vazamento de áudios com teor machista direcionado às mulheres ucranianas.

Na tarde de 5 de maio, ele apareceu de surpresa na Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive, que acolhe vítimas de violência doméstica e de gênero. Seguindo o modus operandi habitual, do Val tentou entrar no imóvel gravando vídeos com provocações às moradoras, questionando a legalidade da ocupação. Elas rechaçaram sua presença e o direitista começou a proferir ameaças. 

Nem a chegada da Polícia Militar conteve o ímpeto do grupo misógino. Do Val, inclusive, insinuou que os agentes deveriam agredir a vereadora Mariana Conti (PSOL), presidenta da Comissão da Mulher da Câmara de Campinas, que visitava o local. Segundo o ex-deputado, ela deveria “apanhar” e eles eram “muito bonzinhos”.

O caso acabou sendo registrado na 1ª DP de Campinas, registrado por Mariana e pelas demais moradoras da ocupação como um caso de ameaça e incitação a violência. Sentindo-se ofendido, Arthur do Val também fez registro de ameaça contra as mulheres que foi importunar.

“Acabo de ser acusado de ameaçar pessoas nessa uma invasão. A ameaça: eu perguntando pq os invasores não usam a própria casa para brincar de revolução”, justificou o deputado cassado em uma rede social. 

Perseguições frequentes

A Ocupação Maria Lúcia Petit Vive nasceu no final do mês de abril, por iniciativa do Movimento de Mulheres Olga Benário e a Rede de Apoio Maria Lúcia Petit, em reação à ausência de políticas públicas para combater a violência contra a mulher em Campinas. O nome do espaço é uma homenagem a jovem professora e guerrilheira assassinada pela ditadura militar em 1972.

Um grupo de cerca de 20 pessoas tem habitado o espaço, um imóvel desocupado há mais de um ano no bairro de Botafogo. A entrada do grupo no local tem servido de justificativa para o circo de políticos de extrema direita. O vereador Nelson Hossri (PSD) – autor de projetos que proibem o uso de linguagem neutra ou a participação de mulheres trans em competições esportivas femininas – também têm incitado a população contra as vulneráveis ocupantes.

“À polícia, manifestei minha preocupação com relação à segurança das meninas que estão ali, porque elas têm sofrido várias ameaças. Pessoas passam xingando, carros de luxo passam a noite, em velocidade baixa, sem placa. Elas sofrem ataques nas redes sociais. Isso porque pessoas como o Mamãe Falei e vereadores como Nelson Hossri ficam incitando, inflamando, suas bases conservadoras, raivosas, a fazerem ataques às mulheres da ocupação”, conta Mariana.

A vereadora salienta que é dever do Estado garantir a integridade das mulheres estabelecidas no local. Uma delas, inclusive, recorrerá à Justiça por uma medida protetiva contra a Mamãe Falei. 

“Ela foi exposta nas redes sociais dele, e ela vem sofrendo vários ataques. O Estado é responsável por zelar pela segurança das mulheres que estão na ocupação. Não vamos permitir que machistas sigam impunes”, diz Mariana.


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